sábado, 19 de março de 2011

Crianças

Adoro todas as crianças! Amo-as pelo seres humanos maravilhosos que elas são, pela perseverança, pela energia... se todos os adultos fossem um pouco como crianças, eu me pergunto se haveria guerras, ou haveria discórdia. Crianças aprendem rápido, conseguem esquecer rápido as dores e os tombos. E a possibilidade de resolução dos problemas é tão simples... que chego a gargalhar. É sabedoria que nenhum adulto tem.

São tão honestas que beiram a crueldade, mas são puras; portanto, a crueldade vem da ignorância. E é essa mesma pureza que lhes dota de capacidade de perdão. Elas perdoam com facilidade, desprovidas de orgulho.

Ao crescermos, perdemos um pouco dessa doçura e ganhamos em amargor, o que nos traz a tona a dificuldade de perdão e a sensação de sempre perdermos algo, de sempre querermos estar por cima de qualquer situação. Ganância de ter sempre mais, para poucas horas de prazer. De sermos donos de uma razão que não é absoluta, mas em nossa mente, é soberana.

Se a eternidade me concedeu algo foi a possibilidade de ficar horas e horas em parques de diversão, observando os adultos e observando as criaças. Crianças quando ainda são crianças, até seus 8 anos, quando ainda não são pré-adolescentes, quando ainda não têm vergonha, ou ainda não foram infectadas pelos virus de ser adulto, de ter seu tempo contado pelo relógio ou a sensação de estarem sendo observadas. Quando o mundo ainda é um jardim, ou o escorregador mais próximo; quando o tempo pode ser infinito e ainda existe potes de ouro no fim do arco-íris; quando tudo o que elas querem ainda é comer todo o chocolate que podem, e toda a carne do prato sem precisar do arroz e feijão; quando dinheiro não é uma preocupação. Quando sexo e amor são coisas fora de sua compreensão e o olhar carinhoso de seus pais contém todo o amor que elas precisam.

Por isso é tão triste e catastrófico testemunhar como os adultos usurpam a infância de suas proles tão rapidamente; crianças em faróis, crianças pedindo esmolas, crianças cuidando de seus irmãos mais novos, fazendo jantares quando nem ao menos conseguem carregar a panela; quando a vida é ocupada por passatempos que as façam ser adultos melhores e não para aproveitar seu tempo como crianças; sem contar os pedófilos roubando toda a inocência em corpinhos subdesenvolvidos.

Seremos reflexos dos adultos antes de nós? Seremos uma faceta de cada adulto que passou em nossa vida?

Como diz Mary Poppins: se você ficar alimentando os pombos o que você vai ter?
Pombas gordas!

Se assim for... por que nós, como adultos, não podemos absorver os reflexos das crianças que permeiam nossa vida? Será que não seria esse o equilíbrio da vida? Por que é tão dificil os adultos escutarem o que seus filhos precisam e não o que suas crianças interiores perderam?