terça-feira, 19 de outubro de 2010

"... these little earthquakes..."

Sabe quando você acha que está bem e levando tudo tranquilamente? Que os milênios vividos são suficientes para que você encare tudo com sobriedade e sabedoria?

Você se considera equilibrada, todos te consideram equilibrada e a vida segue assim, com complacência e languidez. Tudo indo bem.

Só que tem um dia que você explode! Não porque você guardou coisas demais dentro de você e você precisava de espaço. Você explode porque aquilo te transtornou, a ponto de você ... bem, a ponto de você explodir!
Você despeja coisas em quem você deveria proteger e acaba podando a confiança que existe entre você e outras pessoas, porque finalmente você explodiu. E ninguém está acostumado a ver tal reação. Você se torna humano... e dependendo da reação, você é menos do que humano!

O pior é que você até tentou se controlar... mas não deu.

E, pior: depois do ocorrido, a imagem de quem você é fica maculada nesse ato. Finalmente, você explodiu, demonstrou que é somente mais uma pessoa, e não a deusa com quem você convive e que gostaria de ser. Confianças se quebram, imagens são desfeitas, e fica somente o ato de você ter que reconstruir tudo o que foi destruído em segundos...

Claro que deuses ficam bravos, mas há uma diferença: quando o humano fica bravo, ele é irracional, uma besta que não vê um palmo a frente do nariz.
Quando os deuses ficam bravos, é a natureza transtornada, o El Niño, furacão Katrina, enchentes... etc.

De qualquer forma... explosões são normais. Ninguém está impassível de ser vítima de tal fúria. Existe. É difícil você esfriar a cabeça, mesmo já tendo feito um monte de vezes.

Mas é como uma bebedeira, sabe? Você bebe demais, fica tonto, faz e fala coisas que não imagina que faria ou falaria... Mas no dia seguinte, vem aquela ânsia de vomito, aquela dor de cabeça, o bolo no fígado... O negócio é aceitar que errou, exagerou, bla bla bla... Como se fosse fácil. Fácil seria se não tivesse feito, mas depois que já foi, agüentar as conseqüências de seus atos é bem pior.

Mas, como diz o pessoal desse tempo para coisas difíceis demais: isso é que é foda pra caralho!!!!!!!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Ir e vir...

Existem aqueles dias que eu acordo e AMO ser uma Deusa, sabe?

O dia em que eu não preciso trabalhar para viver... ou sobreviver. Dias em que não tenho que pegar trânsito e dias que eu posso ser dona de minha própria vontade.

Eu amo todos os humanos. E sempre pergunto a fulano se quer ser totalmente dono da própria vontade. A resposta é, incondicionalmente, sim, pensando que acordar tarde todos os dias e ter dinheiro para comprar aquele chocolate importado, ou fazer faculdade , ou não ter que trabalhar todos os dias seriam razões suficientes para preencher seus dias.
E não é bem assim.

É interessante essa história de ser dona da própria vontade. Por quê? Porque se você for colocar na ponta do lápis, poucas são! E a maioria não é porque NÃO quer ser!

E outra maioria se engana pensando que é... mas não. Ser dono da própria vontade não é ter somente o final de semana para se fazer o que quer... quando quer. Não é ter vontade de comer algo e ir lá e comer.

A maioria gosta de ter algo controlando, de saber que é, de alguma forma, não responsável por tudo o que faz. Vicios e impulsos que não se assume ser da própria vontade, nada são do que subterfúgios da própria vontade!!

Ser dono da própria vontade exige alguma independência, não apenas financeira, mas emocional. Ser emocionalmente independente não significa ser insensível ou não precisar dos outros. Pelo contrário: significa poder amar a todos, permitir-se ser amado... aceitar, sem medos ou ressalvas a existência dos sentimentos e dos humanos.

Ser dono de sua própria vontade demanda uma boa dose de auto-estima. Estar bem e feliz consigo, saber como se sente, conhecer-se e prosseguir, sem delongas, sem indecisões pontuais que travam o fluir de sua vida.

Estar de bem consigo é querer fazer o que se está fazendo, sem pensar que poderia estar fazendo outra coisa naquele momento. Se você está no seu trabalho, trabalhando em algo que ama... ou aprender a amar o que faz e fazer por este prazer é o suficiente.
Estar com quem você quer, seja com algum amigo, ou algum amor, porque VOCÊ quer, e não por algum conforto emocional ou financeiro, ou influências exteriores.

E pode ser que você me pergunte se eu sou dona da minha própria vontade todos os segundos do dia. E eu digo que não. As vezes, eu sou louca. As vezes, eu estou apaixonada por algo, ou alguém e estabelece-se linhas invisiveis que não me permitem pensar em mim, ou no que somente EU quero... GRAÇAS A ZEUS!!!
Afinal, pensar no que você quer o tempo todo, como você quer o tempo todo e, também, aceitar os humanos como eles são, para ama-los como eles são, seria uma contradição gigantesca e quixotesca.

Mas o importante é não perder-se... muito. Assumir alguns riscos e se você se perder naquela estrada gigantesca com linhas entremeadas... que faça valer a pena. Faça valer a pena MESMO! Só assim você poderá experimentar o que poucos fizeram.




"Out beyond of ideas of right doing and wrong doing there is a field. I´ll meet you there" - Rumi
(Muito além das idéias de fazer o certo ou fazer o errado há um campo. Eu te encontrarei lá)

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

nowhere to run...

Sabe quando você levanta de manhã e parece que você não dormiu?

É assustador o peso do passado, quando ele volta para você. Na peça Rent, criada por Jonathan Larson, tem uma estrofe que ele diz:

"how do you leave the past behind, when it keep finding ways to get to your heart
it reaches way down deep and tears you inside out til you're torn apart"

(Como deixar o passado para trás quando ele continua encontrando caminhos para chegar ao seu coração... ele escava fundo e vira você do avesso até que você se dilacere)

Apesar do nascimento ser algo lindo, não creio que existe nada mais unificador do que a morte. Nem sempre quando ganhamos algo damos importância, mas quando perdemos, aquele valor se eleva a potências inimaginárias!

Eu sou imortal, porque Afrodite assim o quis. Eu não posso morrer (a não ser que eu peça), apesar de estar suscetível a doenças e outras coisas, pois sou humana. Mas eu não tenho o poder de dar vida, ou tira-la... ou torna-la eterna.
E ontem, fiquei sabendo que uma amiga de longa data foi conhecer os Campos Eliseos.

Eu não gosto de lembrar da partida das pessoas... e já vi muitas partirem. Algumas em meus braços, outras somente chegaram os meus ouvidos e muitas outras, porque é isso que morrer significa, não? Partir? Só que a diferença que quando uma pessoa querida sai da sua vida, ainda existe a esperança da volta, do reencontro. Porém, quando ocorre a morte, significa que ela não mais vai voltar e tudo o que vocês viveram até então, é o que você vai ter. Finito.

É meio frustrante... doloroso, como não ter plenamente tudo aquilo que você quer e ter que abrir mão assim mesmo!

A minha amiga que se foi era uma amiga querida. Fazia anos que não tinhamos contato, não por minha escolha, nem por escolha dela, mas a vida é assim. Nem sempre podemos escolher o mesmo caminho de todos.
Ela era bonita, ingênua e meio perdida no mundo, meio sem saber para onde ir, como muitos de nós. Ela tinha forças e fraquezas, qualidades e defeitos. Foi amada, foi odiada e foi feliz, por alguns momentos. Foi triste por outros. Foi incompreendida. Recebeu lições e ensinou. Ou seja... viveu!

Que ela saiba que ainda a amo e que ela foi amada pelo que ela é. E pelo que sei, que ela tentou ser.