quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

"Simplicity, Clarice!"

A Sappho é melhor para escrever sobre coisas assim, mas como uma deusa eu vejo os humanos se debaterem no mar da vida para conseguirem mais... mais e mais. Eu vejo a luta por um emprego melhor, por um salário melhor, por um relacionamento melhor.

Claro que se você está infeliz, você deve correr atrás da sua felicidade.

Você não tem que ser infeliz gratuitamente. Mas deve ter também em conta que ao sair de algo desagradável, você estará indo para outra situação que pode se tornar desagradável se você manter também o padrão de comportamento anterior.

O importante é sentir o momento... olhar o momento, encara-lo... e aproveitar cada segundo, pois ao repeti-lo, ele será maravilhoso!

E nessa busca constante, eu pergunto se tem coisa mais gostosa do que as coisas simples e inesperadas da vida?

- Encontrar um amigo no metrô e ficar horas em pé conversando com ele?
- Encontrar amiga querida nas catracas e não ter lugar para ir?
- Passear para ver os enfeites de Natal e tirar fotos com eles?
- Sentar no boteco da esquina com sua amiga e pedir uma porção de batatas fritas e um garrafa de cerveja?
- Sentar na praia e ficar conversando até o anoitecer... molhar os pés no mar e voltar a conversar?
-Acordar de manhã, olhar o relógio, lembrar que não é dia de trabalho e virar para o lado e voltar a dormir?
-Chegar em casa e ser recebida por sua cachorra, ou por seu gato, ou por qualquer som que você goste? Ou simplesmente encontrar a tv ligada e saber que tem alguém amado ali?
- Fugir do chefe na hora do almoço?
- O olhar da sua mãe quando você cruza a porta para visitar? Ou o seu pai vindo contar as mesmas coisas? Ou seu irmão falando até dizer chega para ter sua atenção?
-Dormir abraçada ao travesseiro da sua cama?
-Comer arroz e feijão? E frango assado?
-Comer bolo de fubá com café preto, mesmo sabendo que depois sua gastrite vai atacar, só porque vale a pena?
-Ganhar uma barra de chocolate? Ou um bombom?
-Ter todo o tempo que você quiser para ficar com quem você gosta, sem se preocupar, sem medo do futuro... ou do passado?
-Caminhar, sozinho ou em boa companhia?
-Pegar a sessão de cinema do jeito que você gosta, comendo o que você quiser, do filme que você mais esperava?
-Se entregar a um lanche do Mc Donald´s sem medo de ser feliz... ou de fazer parte de algum documentário sobre obesidade?
-O "tsssssss" ao abrir uma latinha de uma bebida que você gosta muito!
-Comer pão com margarina e tomar café com leite no café da manhã?

Claro que tem outras coisas... afinal, isso é algo que vejo que faz muita gente feliz... tira vários sorrisos.

No meu caso, eu também gosto do som do mar batendo nas rochas... e do cheiro da Ambrosia quando ela é servida fresca. Gosto do Sol nascendo... e se pondo. Gosto da lua cheia. E gosto da cor do brilho dos olhos quando o humano percebe que está apaixonado. E de escutar as teclas quando Sappho está empolgada escrevendo algo.

Não é preciso muito para estar alegre, ou para estar feliz. Uma vez eu ouvi falar que a felicidade não é permanente, mas temporário. E que é subjetiva, depende do estado de cada um... depende de querer também o que se tem, não de apenas ter o que se quer.

Como diria Hannibal Lecter... "Simplicidade, Clarice".

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

No fim, tudo sai na urina... ou vira câncer!

Estou de volta de meu retiro! Primeiro fui ao Olimpo, visitar meus irmãos e pais... afinal, mesmo não tendo sido eles meus criadores, eles são a família escolhida para mim e isso é o que importa! É de onde viemos e define o que éramos e o que queremos ser para, então, percebermos quem somos.

Estava me sentindo muito down para uma Deusa do Amor! O que mais odeio quando dizem do amor (o amor amoroso que faz a gente "fazer amor, sabe??) é que todos o confundem com paixão. A paixão é obra do Cupido, que é jovem, adora sentir aquela emoççao intensa, aquele desejo inconsciente! É a minhoca na ponta do vara de pesca para que as pessoas se conheçam, procriem (ou adotem!!) e voltem a sua existência. O amor é mais profundo e o amar é bem mais complexo.

E por causa disso as pessoas acreditam que é o amor que traz o sofrimento. E não é! O ruim é que sofrer em uma área de vida pode afetar o sofrimento em todas as áreas. Por isso, se você sofre no trabalho, você pode afetar seu relacionamento. Se está sofrendo com a situação em casa, acaba interagindo com seu trabalho. E isso é dificil.

Porém, analisando as pessoas, percebi que para algumas, o sofrimento é diurético. São pessoas por demais soltas, independentes do mundo. São pessoas que parecem não sofrer por nada, ou tudo parece super fácil para que elas superem e prossigam. Muitos consideram essas pessoas insensíveis. Que fique claro que elas não são assim! Eu penso que são pessoas inteligentes e com muita coisa para fazer na vida, que preferem seguir o caminho da superação e que não querem perder tempo pensando. Para essas pessoas, o processamento, a digestão, é rápido e a recuperação, fascinante! É quase como a vontade de urinar após uma garrafa de cerveja. Você bebe, seu organismo processa... você mija (português claro e específico) e a vida volta a ser bela.

Para outras pessoas, esse processamento é lerdo. É demorado. São pessoas inteligentes também, mas de forma diferente, com uma dose de analisar a causa e motivo do sofrimentos, para encara-lo como aprendizado. É como ter prisão de ventre: você fica com aquilo dentro de você, sofrendo, tendo caimbras, escorrendo lágrimas. Dependendo do nível, chega até a sentir dor nas costelas, refluxo, insonia. Até que um dia, ou com ajuda de Lacto Purga ou sem nada... vem a libertação da prisão! E nesse dia, literalmente, a merda vai por ralo abaixo! O pior é que... quando você bebe cerveja você lembra quantas vezes foi ao banheiro? CLARO QUE NÃO!!! Até eu sei disso e eu não tenho que ir banheiro (hello!!! sou Deusa! Só vou se eu quiser e eu nunca quero!). Mas uma bela prisão de ventre, a gente semepre lembra! E para essas pessoas que guardam suas prisões como se fossem prêmios de consolação a memória é sua maior inimiga.

O importante é que no fim, tudo acaba saindo de dentro da gente, de um jeito ou de outro. O que tiver que sair de dentro de você, trate de expelir rapidamente. Se não sair, vira câncer e isso não é bom!

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Florence...

"A" Descoberta de 2010 para meus ouvidos e cérebro, Florence and the Machine, banda composta pela maravilhosa Florence (vocal / letras) e por seus músicos fantásticos! Arranjos fenomenais!

Ela estourou com Dog Days are Over, do seu CD Lungs, que também faz parte da trilha de Comer, Rezar, Amar, com a Julia Roberts.

E depois não parou mais.
Gosto do CD Lungs todo, e posteriormente comento as músicas que mexem comigo e me inspiram a seguir nesta vida, trabalhando e aprendendo o que essa cidade tem a oferecer. Ela também tem um CD Demo, com arranjos primários para algumas músicas do CD Lungs.

Mas hoje quero falar da música Heavy in your Arms, que faz parte da trilha sonora de outro filme, Eclipse. Por trabalhar com livros, eu não tenho preconceitos com enredos ou escritos... Gosto de todos!

Mas essa música chama atenção.

Eu acho a letra é fantástica. O videoclip oficial (link abaixo) não traz cenas do filme. Pelo contrário: remete ao que a música quer dizer.
http://www.youtube.com/watch?v=V_eOmvM-4zc

A música fala do peso que nos tornamos na vida de alguém... ou o peso que somos... ou, pior: o peso que podemos ser. O que esperamos do outro, o que queremos que o outro seja para nós...

Trechos como o que coloco abaixo chamam atenção:

"My love has concrete feet, my love is an iron ball, wrapped around your ankles
over the waterfall"
"meu amor tem pés de concreto, meu amor é uma bola de ferro, enrolado em seus tornozelos em uma cachoeira"

Por todos os deuses, quem já não passou pela situação de se sentir assim. E... pior: quem já não fez a gente se sentir assim? Que dor é essa de ser o peso na vida de alguém? Que dor é essa de querer ser livre, de se livrar de alguém e, simplesmente, não conseguir? Sentir-se responsável a esse ponto?
Por quê? Pelo conforto? Pela necessidade de não estar só?

Agora, o trecho que está me deixa com o coração na mão é:

"And is it worth the wait? all this killing time? Are you strong enough to stand
protecting both your heart and mine"

"E vale a pena a espera? Matar todo esse tempo? Você é forte o suficiente para manter-se, protegendo tanto meu coração quanto o seu?"

Afinal... quantas vezes não depositamos nossa esperança em alguém, nossos dias, nossa vida... até descobrirmos que todos aqueles vinculos tornaram-se pesos que não queríamos assumir. Será que valeu a pena a espera? A cegueira é tanta que a gente se perde em horas intermináveis e segundos inquebráveis, e acabamos em uma situação que, como no clip, não conseguimos encontrar forças para nos mexer, vivemos as custas de um amor ou de uma situação que quer nos eliminar.

E isso vale para o contrário... o que fazer quando nos vemos tendo que carregar alguém por uma vida, inventando desculpas para nos justificar perante todos e, principalmente, sobre nós mesmos?

Vale a pena a espera para estar com alguém, anular-se, tornar-se dependente de tal sentimento?

Nem sempre seguir o coração é fácil.
Nem sempre seguir o coração deixa nossa consciência tranquila.
E vem a questão: quantas das vezes que julgamos estar seguindo nosso coração na verdade, estamos ludibriando nossos próprios sentimentos?