quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Uma letra em muitos livros

Ontem fui a Bienal do Livro, com a Sappho. Chegamos lá as 14h e saímos as 22h. Sim, Sappho fez isso comigo. Ela gosta de ler. Adora perder-se nos livros. E os milênios de estudo acabaram sendo proveitosos, pois ela pratica leitura dinâmica. Vários livros devorados em minutos.
Claro que essa necessidade de armazenar coisas em seu cérebro deve fazer com que tenha que esquecer outras coisas. E isso é bom. Repôr o velho com o novo. Respirar literatura. Respirar novidade, mesmo tendo o antigo em mente. E eliminar do cérebro aquilo que não mais é necessário para sua realidade.

Eu a vejo lendo livros que ela já conhece há séculos, como se fosse algo novo. Ela sempre diz: "nunca se sabe o que eu poderia reaproveitar para agora".

Reciclar informações também é bom. Afinal, todo ser humano vive um momento específico. As vezes, aquela frase proferida não faz sentido a você até que venha o momento certo em que tudo se encaixa.

Anyway, caminhando pela Bienal, repleta de livros, posto-me em frente a estante de livros sobre mitologia grega. É interessante ler sua história contada por outros... principalmente por pessoas que não estavam lá. Nem preciso dizer o que penso disso.
É mais interessante ainda em vermos como a "mitologia grega" incentivou muitos psicanalistas a criarem analogias de males atuais em função da história vivida no passado... bem distante, diga-se de passagem.

Livros de mitologia grega, para mim, são como livros de fofocas. As evidências são duvidosas e, claro está, as imagens de Afrodite não chegam nem aos pés de quem eu sou e de como me pareço! Oh, se eu pudesse, esmagaria esses artistas e faria-os retratarem-me como realmente sou!

Mas fui para ver o brilho nos olhos de Sappho e, claro, vêr seu gozo ao descobrir livros que ela escreveu sob pseudônimo, ou traduziu. Vem correndo para me mostrar. Ai, é fofa demais!

Outra coisa que me perturba em lugares assim é eu ter que ocultar meu encanto natural, caso contrário nenhum ser humano poderia deixar de me admirar quando eu passo. (isso não está nos livros de "mitologia")
Portanto, tenho que me ocultar, ser apenas uma mulher bonita, o que não é fácil para mim. Mas não fico chateada em não ser o centro das atrações quando a atração principal são as letras. Não fico chateada em ser apenas mais uma letra. E também porque eu prometi a Sappho que não faria isso ou ela não me deixaria vir...

... mas devo confessar que quando Sappho me esqueceu por alguns segundos, deixei parte do meu encanto natural surgir. Eu vi e senti os atendentes do stand em êxtase, ereções, cheiros de excitação e felicidade no ar, olhos brilhando em minha direção, oferendas sendo adquiridas. Tive que parar ou Sappho veria e me beliscaria de novo! Aiaiaiai... Acho que Sappho não virá no último dia, que é domingo! E deve ser o dia que estará mais cheio, não?

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