Você já teve vontade de chorar?
As pessoas pensam que deuses não sabem chorar, ou não se condoem com o choro alheio, mas sim... nós choramos.
Não aquele choro causado por filme e sofrimento alheio. Não aquele choro de raiva do chefe que você se tranca no banheiro e começa a chama-lo de cavalo para baixo. Aliás, tadinho dos cavalos: eles são educados e humanos jamais podem se comparar a um chefe mal educado com abuso de poder. Também não é aquele choro de alegria, quando algo ótimo acontece, de promoção a casamentos; de vitória do time até o nascimento de bebês. Também não é o choro causado por aquele choro coletivo: sabe, quando todo mundo está chorando e você está sem nenhuma vontade e chora também?
Nem choro de medo quando acorda de um pesadelo.
O choro que estou falando é aquele choro que você perde o fôlego. Aquele choro que começa com uma razão, que durante a crise é esquecida e substituída por todas as razões mencionadas acima. Só que esse é aquele choro que você só pode chorar quando está só. Aquele choro que se você chorar na frente dos outros, você seria taxada de louca histórica. Aquele choro que não é uma garoa, mas uma enchente. Aquele que você lava a alma.
Primeiro você passa um mês com vontade de chorar. Começa com a frustração de você não ter o que quer, não poder comer aquele chocolate, ter perdido seu emprego. Começa com o torpor e com o fato de você se convencer de que tudo está bem. E até está. Você ri e esquece de chorar. Mas seu organismo não esqueceu.
E durante os dias seguintes, seu corpo começa a acumular aquele choro. E outras coisas acontecem. Seu chefe foi grosso, você viu um filme triste, ou alegre (aquelas comédias românticas americanas, com o povo bem alimentado, sofrendo por amor), o capitulo da novela foi foda, você engordou 2 kgs mesmo comendo aquela porra de saladinha, você viu uma mãe mendiga espancando o bebê, seu pai e sua mãe dizem que te amam, aquele cachorrinho ou gatinho te olhou na rua e você não pode levar para sua casa... casais queridos terminam relacionamento... ou seja, N motivos.
Seu corpo sente.Suas emoções estão a flor da pele.
E... então, naquele dia que nada acontece... naquele dia que o banco resolveu descontar R$ 0,50 da sua conta, ou que você quebrou aquele copo, ou que você chegou em casa, viu que não tinha ninguém e que comeram o último pedaço de bolo de chocolate... o choro vem. E ele vem com toda força! Dias de dor são exprimidos de você.
O choro começa de um jeito fraquinho... lágrimas caudalosas correndo languidamente pelas bochechas. Essa é a parte educada da coisa.
Aos poucos, o choro vai se intensificando. Vai se tornando doloroso. Você sente o caroço querendo sair do peito e começa a chorar de verdade mesmo. E começa e lamentar em voz alta. O nariz começa a obstruir com secreção. A principio, um pedaço de papel higiênico resolve. Depois, o rolo já está do lado, ou no colo. Logo, o rolo é esquecido porque você desiste de assoar e fica aquela melequeira de catarro, baba... e você jogada em um canto no chão da sala, ou do quarto. Ou do banheiro...
Então, com o resto de dignidade que você tem, você tenta levantar e vai lavar o rosto na pia. Vê que não tem forças e vai se arrastando. Ao chegar no banheiro, apóia-se na pia e visualiza seu estado: olhos e lábios vermelhos e intumescidos, catarro seco no canto do nariz, camisa pingada de baba e secreção... respiração irregular por conta dos soluços, mãos sujas de ficar limpando os olhos e o nariz... e começa a sentir pena de si mesma, voltando a chorar. E volta a desabar, dessa vez na privada, com os joelhos juntos, calcanhares separados, ombros voltados para o chão: a imagem da desolação.
Ou seja... é bem feio.
Geralmente, só choramos desse jeito sós em casa. sem ninguém para nos acompanhar, porque é um momento nosso. Ninguém faz isso no trabalho ou no escritório. Não seria legal ou ao menos simpático.
Mas o legal é que quando acaba essa sessão de choro, a vida volta a ser colorida novamente. As lagrimas lavaram a alma e a poeira das íris, e a garganta permitindo ver tudo colorido na nossa frente e que nossa fala saia sem aquele caroço dolorido que encalacrava nossa voz.
Do the right crying, on the right time.
eu gosto de me olhar chorando!acho mais foda ainda!
ResponderExcluiré verdade!!! se olhar chorando é fogo!!!
ResponderExcluirEu não gosto de chorar (pior ainda na frente dos outros!), mas às vezes não consigo me controlar.
ResponderExcluirMas, depois do choro, sinto um alívio... é bom!