segunda-feira, 2 de agosto de 2010

...chorar...

Você já teve vontade de chorar?

As pessoas pensam que deuses não sabem chorar, ou não se condoem com o choro alheio, mas sim... nós choramos.

Não aquele choro causado por filme e sofrimento alheio. Não aquele choro de raiva do chefe que você se tranca no banheiro e começa a chama-lo de cavalo para baixo. Aliás, tadinho dos cavalos: eles são educados e humanos jamais podem se comparar a um chefe mal educado com abuso de poder. Também não é aquele choro de alegria, quando algo ótimo acontece, de promoção a casamentos; de vitória do time até o nascimento de bebês. Também não é o choro causado por aquele choro coletivo: sabe, quando todo mundo está chorando e você está sem nenhuma vontade e chora também?
Nem choro de medo quando acorda de um pesadelo.

O choro que estou falando é aquele choro que você perde o fôlego. Aquele choro que começa com uma razão, que durante a crise é esquecida e substituída por todas as razões mencionadas acima. Só que esse é aquele choro que você só pode chorar quando está só. Aquele choro que se você chorar na frente dos outros, você seria taxada de louca histórica. Aquele choro que não é uma garoa, mas uma enchente. Aquele que você lava a alma.

Primeiro você passa um mês com vontade de chorar. Começa com a frustração de você não ter o que quer, não poder comer aquele chocolate, ter perdido seu emprego. Começa com o torpor e com o fato de você se convencer de que tudo está bem. E até está. Você ri e esquece de chorar. Mas seu organismo não esqueceu.

E durante os dias seguintes, seu corpo começa a acumular aquele choro. E outras coisas acontecem. Seu chefe foi grosso, você viu um filme triste, ou alegre (aquelas comédias românticas americanas, com o povo bem alimentado, sofrendo por amor), o capitulo da novela foi foda, você engordou 2 kgs mesmo comendo aquela porra de saladinha, você viu uma mãe mendiga espancando o bebê, seu pai e sua mãe dizem que te amam, aquele cachorrinho ou gatinho te olhou na rua e você não pode levar para sua casa... casais queridos terminam relacionamento... ou seja, N motivos.
Seu corpo sente.Suas emoções estão a flor da pele.

E... então, naquele dia que nada acontece... naquele dia que o banco resolveu descontar R$ 0,50 da sua conta, ou que você quebrou aquele copo, ou que você chegou em casa, viu que não tinha ninguém e que comeram o último pedaço de bolo de chocolate... o choro vem. E ele vem com toda força! Dias de dor são exprimidos de você.
O choro começa de um jeito fraquinho... lágrimas caudalosas correndo languidamente pelas bochechas. Essa é a parte educada da coisa.
Aos poucos, o choro vai se intensificando. Vai se tornando doloroso. Você sente o caroço querendo sair do peito e começa a chorar de verdade mesmo. E começa e lamentar em voz alta. O nariz começa a obstruir com secreção. A principio, um pedaço de papel higiênico resolve. Depois, o rolo já está do lado, ou no colo. Logo, o rolo é esquecido porque você desiste de assoar e fica aquela melequeira de catarro, baba... e você jogada em um canto no chão da sala, ou do quarto. Ou do banheiro...

Então, com o resto de dignidade que você tem, você tenta levantar e vai lavar o rosto na pia. Vê que não tem forças e vai se arrastando. Ao chegar no banheiro, apóia-se na pia e visualiza seu estado: olhos e lábios vermelhos e intumescidos, catarro seco no canto do nariz, camisa pingada de baba e secreção... respiração irregular por conta dos soluços, mãos sujas de ficar limpando os olhos e o nariz... e começa a sentir pena de si mesma, voltando a chorar. E volta a desabar, dessa vez na privada, com os joelhos juntos, calcanhares separados, ombros voltados para o chão: a imagem da desolação.

Ou seja... é bem feio.

Geralmente, só choramos desse jeito sós em casa. sem ninguém para nos acompanhar, porque é um momento nosso. Ninguém faz isso no trabalho ou no escritório. Não seria legal ou ao menos simpático.

Mas o legal é que quando acaba essa sessão de choro, a vida volta a ser colorida novamente. As lagrimas lavaram a alma e a poeira das íris, e a garganta permitindo ver tudo colorido na nossa frente e que nossa fala saia sem aquele caroço dolorido que encalacrava nossa voz.

Do the right crying, on the right time.

3 comentários:

  1. eu gosto de me olhar chorando!acho mais foda ainda!

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  2. é verdade!!! se olhar chorando é fogo!!!

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  3. Eu não gosto de chorar (pior ainda na frente dos outros!), mas às vezes não consigo me controlar.
    Mas, depois do choro, sinto um alívio... é bom!

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