terça-feira, 22 de junho de 2010

...vaca sem sino...

Acredito que ser mortal deva ter suas vantagens. Eu não sou mortal... mas eu convivo com eles e sei que deve haver vantagens. Mas a maior desvantagem é que mortais podem morrer. Ficam doente, assim, do nada, e correm risco de vida.

Sappho está com principio de pneumonia. Pneumonia é o tipo de coisa que quando você menciona: "fulano tá com pneumonia" você recebe em troca uma careta e um: "xiiiii..."

Ou seja, não é bonito... e pode matar alguém.

Sappho, se não se cuidar, pode acabar tendo uma pneumonia. E como imortal, ela escolhe quando morrer. Mas isso não a impede de ficar doente (todo encanto tem uma pegadinha...) . E como é uma escritora, sente tudo com muito mais intensidade do que qualquer outra pessoa, amor, felicidade e, inclusive, a dor e a doença.

Tudo isso para dizer que como Sappho está mal e pode se desanimar, resolvi fazermos um festival Almodovar aqui em casa. Sabe? Todo filme do Almodovar carrega uma ironia colorida, em tons berrantes, personagens excentricos, tudo para mostrar a vida e os sentimentos como eles são, de dentro para fora... raramente de fora para dentro.

Um dos filmes que vi no passado, o primeiro filme que vi do Almodovar no cinema, foi A Flor do meu Segredo. E fiz questão de mostrar a Sappho esse filme.

O filme tem Marisa Paredes interpretando uma romancista de livros cor-de-rosa de 2ª categoria e que tem certo sucesso, mas se esconde sobre o pseudônimo de Amanda Gris. Paralelamente ela se sente infeliz, pois seu marido é um militar que está sempre no exterior. Quando seu casamento começa a entrar em crise Leo se vê entrando em desespero, o que a leva para a bebida e a parar de escrever seus contos com final feliz e transforma-los em romances negros.
Ela entra em estado solitário, e sua solidão é tanta que chega a pagar por um cara na rua para ajuda-la a colocar seus sapatos.
A partir daí é ladeira abaixo em depressão. Em uma entrevista com Marisa Paredes, ela conta que o Almodovar optou por filmar inicialmente a cena em que a personagem tenta fazer a maior besteira de sua vida. Ele queria pegar a personagem em seu estado mais frágil e a partir daí, insuflar-lhe alguma luz.

Sempre que estamos perdidos, acabamos indo visitar nossa família. Conversar com nossa mãe e nosso pai (no caso de Almodovar é sempre a mãe e uma irmã recalcada que cuida da mãe até o fim) nos coloca de volta ao eixo. E nesse momento, a mãe compara a personagem principal como uma vaca sem sino, perdida e sem ter como ser encontrada por outros.

Eu não me sinto assim... sei bem minha função e tenho minhas responsabilidades que parecem ser conduzidas levianamente. Mesmo porque , Zeus nem sempre tem tempo para minhas besteiras. E por ser uma deusa, teoricamente, devo ter conhecimento de tudo.

Mesmo assim, Almodovar sempre me faz pensar que ser humano é sentir tanto... e tanto...

Também gosto de Volver. Mulheres a beira de um ataque de nervos... Ata-me. Kika... Má Educação... Tudo sobre minha mãe...
Anyway... Almodovar é 10!

Sempre lembrem-se que quando sentirem-se como uma vaca sem sino, façam uma visita ao seu passado. Lembre-se de onde você veio, para saber quem você é. Reencontre seu sino.

E nada de pneumonia. Fazer amor sem poder respirar é romantismo demais até mesmo para mim!

3 comentários:

  1. Esteja acompanhada daquele chá de infusão feita com gengibres frescos... lembra?

    Eu colocaria Volver no próximo dvd a ser visto!

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  2. terá Sappho andado a dormir descoberta? ou sem dormir? para ser acometida de pneumonia...rs

    eu amo Almodovar! mas ainda não vi A Flor do seu segredo :(
    os outros que falou já vi todos, são ótimos!
    beijos

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  3. "Reencontre seu sino" e não esqueça de "Por quem os sinos dobram".
    Deusa mãe passou pra agradecer sua visita e deixar beijinhos dourados e dizer que o Olimpo sente sua falta.

    Mommy

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